segunda-feira, janeiro 29, 2007

Liberalização do aborto: LICENÇA PARA MATAR

«A questão do aborto é a questão básica e essencial do valor da vida. Ninguém pense que a questão do aborto termina em si própria, ou que pode ser isolada de todas as outras questões fundamentais da vida e dos direitos humanos. Aceitar o aborto voluntário é desprezar a vida humana. Liberalizar o aborto é abrir a porta para uma sociedade que não vai valorizar a vida humana. Como tal, a auto-imagem torna-se extremamente baixa, a crise existencial agrava-se, o egoísmo acentua-se, a irresponsabilidade “dispara”, o desrespeito estabelece-se como comportamento normativo, o engano e a traição tornam-se prática constante, a violência e a criminalidade atingem índices incontroláveis.»
A proposta do governo para realização do novo referendo e projecto para alteração da lei sobre o aborto: “Concorda que deixa de constituir crime o aborto realizado nas 10 primeiras semanas da gravidez com o consentimento da mulher em estabelecimento legal de saúde?”


Desenvolvimento da vida humana no útero da mulher
2 Dias: O óvulo, agora já dividido, faz uma perigosa viagem de três dias até ao útero.
4 Dias: Deslizando para o interior do útero, as células escolhem o melhor local para instalar-se durante as próximas 39 semanas.
8 Dias: Inicia-se a reprodução de um hormônio que avisa o ovário – que reproduz o óvulo – para fabricar outro hormônio, a progesterona, que informa a glândula pituitária localizada no cérebro, que a mulher está grávida e portanto, não menstruará durante esse período. Ao mesmo tempo, as já centenas de células, lançam componentes químicos para anular a acção do sistema imunológico do interior do útero. Se não fizessem isso, o corpo da mãe identificaria um organismo diferente em seu interior como se fosse um invasor e o destruiria.
9 Dias: O sexo pode ser determinado.
14 Dias: A menstruação da mãe é suspensa, graças ao hormônio produzido pelo seu bébé.
18 Dias: Coração e olhos sendo formados.
20 Dias: Surgem fundamentos do cérebro, da coluna e do sistema nervoso.
24 Dias: O coração começa a bater.
30 Dias: O embrião cresceu 6 a 7 mm. O cérebro atinge proporções humanas. O sangue flui pelas veias, mas separado do sangue materno.
35 Dias: A glândula pituitária no cérebro está a formar-se. Boca, orelhas e nariz tomam forma.
40 Dias: O coração atinge 20% do rendimento que terá quando adulto.
42 Dias: O esqueleto está formado. O cérebro coordena os movimentos dos músculos e órgãos. Iniciam-se as respostas a reflexos. Nos meninos, o pénis está a ser formado.
43 Dias: Ondas cerebrais podem ser registadas.
45 Dias: Iniciam-se movimentos espontâneos. Começam a brotar o que, no futuro, serão os dentes de leite.
7 Semanas: Os lábios tornam-se sensíveis ao toque. As orelhas assumem os padrões da família.
8 Semanas: Todos os órgãos estão presentes. O coração bate vigorosamente. O estômago produz sucos digestivos (gástricos). O fígado fabrica células sanguíneas. Os rins começam a funcionar. Já tem paladar. A criança mede 3 cm aproximadamente e pesa pouco mais do que uma grama.
9 Semanas: A criança pode abrir e fechar as mãos, como se estivesse a apertar um objecto. As unhas estão a ser formadas. Começa a chupar o dedo.
10 Semanas: O corpo é sensível ao toque. A criança pisca, engole e franze as sobrancelhas.

Extraído de Jaime Kemp; “Turbulentos anos da adolescência”; Editora Sepal; pp. 29-31


O valor da vida humana
O aborto é sempre lamentável. Torna-se extremamente condenável quando é premeditado, ou voluntário. É das maiores barbaridades, dos maiores crimes que a humanidade pode e tem cometido. A questão do aborto é a questão básica e essencial do valor da vida. Ninguém pense que a questão do aborto termina em si própria, ou que pode ser isolada de todas as outras questões fundamentais da vida e dos direitos humanos. Aceitar o aborto voluntário é desprezar a vida humana. Liberalizar o aborto é abrir a porta para uma sociedade que não vai valorizar a vida humana. Como tal, a auto-imagem torna-se extremamente baixa, a crise existencial agrava-se, o egoísmo acentua-se, a irresponsabilidade “dispara”, o desrespeito estabelece-se como comportamento normativo, o engano e a traição tornam-se prática constante, a violência e a criminalidade atingem índices incontroláveis.


Ser moderno?!
O egoísmo, a superficialidade, o hedonismo e consequente eudeusamento do conforto vigentes na nossa sociedade tem-na tornado cega. As pessoas vivem em função do que vêem e do que sentem. Não vêem o feto formado e querem sentir-se bem. Por isso procuram desculpar e legitimar aquilo que é aberrante. Alguém disse que se as barrigas das grávidas fossem transparentes, ninguém conseguiria praticar o aborto. Mas a nossa sociedade não pode considerar apenas o que vê. Só porque ainda não se vê a pessoa, não significa que ela não exista e não tenha o mesmo valor. E dizemo-nos sociedade moderna... e sofisticada (creio que o termo “pós-moderna” vem bem a propósito para caracterizar a nossa sociedade. É que estamos mesmo numa fase pós-moderna: estamos a perder a modernidade, a inteligência razoável e estamos a entrar numa fase completamente tribal e animalesca). Algumas pessoas querem fazer crer que a lei que proibe o aborto está obsoleta e ultrapassada e que liberalizar tal acto é ser moderno. Isto é mentira. Repito: aceitar e promover tamanha barbaridade é voltar a uma socidade tribal e animalesca. É voltar atrás. É andar para trás.


A incoerência da lei
Qual a inteligência e razoabilidade de uma lei que diz que até às 10 semanas o aborto não é crime; a partir das 10 semanas já é?! As pessoas já não sabem o que é certo e errado. Não conseguem sequer ser razoáveis. O pior é que essa atitude repercute-se em todas as outras áreas da vida, deixando as pessoas desnorteadas, sem saberem como serem felizes. Desde quando é que um acto é crime ou não dependendo do tempo em que é praticado? Isto é contra-senso e hipocrisia. Um crime não depende apenas da lei, pois as leis são imperfeitas, feitas por homens imperfeitos. Por definição, crime é não somente infracção a um preceito da lei, mas infracção da moral. A comunidade internacional não precisou ficar à espera que a Alemanha reconhecesse as práticas nazis de crimes para declarar, “crime contra a humanidade”. Era por demais evidente independentemente das leis do país. Pois o aborto é crime contra a humanidade. É pôr termo, de uma forma abrupta e sem escrúpulos, a uma vida humana. Isso tem um nome: homicídio. Não há forma de descriminalizar um acto desta natureza. Matar uma pessoa, só porque ainda não foi vista fora do útero da mãe já não é homicídio? É um homicídio menor? Pois declaro que é ainda pior. Quando uma pessoa com uma certa idade é assassinada, estamos diante de um homicídio de meia vida, ou ¼ de vida (dependendo do tempo que viveu e do tempo que ainda viveria). Num homicídio por via de aborto, mata-se uma vida inteira. Quando é assassinada uma pessoa com alguma idade, mata-se alguém que tem algumas possibilidades de defesa. Num caso de aborto, mata-se alguém completamente indefeso. Este princípio é aplicado nas crianças e deveria sê-lo ainda mais à vida humana no útero maternal.


Os danos
Os danos para esta prática são muitos, incalculáveis e incontroláveis. Alguns danos para a sociedade no seu geral já foram verificados. Vejamos agora para os directamente envolvidos: Para o bébé, a morte, negando-lhe a possibilidade da vida. Para a mãe, problemas graves no futuro de auto-estima, de culpa, de infelicidade e amargura (situações pouco ou nada faladas, mas imensamente verificadas). Se não tiver problemas com a sua consciência, estará então numa situção ainda mais trágica: orgulho, egoísmo exacerbado, insensibilidade extrema, desprezo completo da vida humana e do seu semelhante, o que leva a pessoa a uma infelicidade ainda maior. A infelicidade de não conseguir amar nem dar amor. O dano de praticar aborto é incomparavelmente pior do que assumir uma gravidez por muito complicadas que sejam as circunstâncias (gravidez na adolescência, etc.). Não há desculpas, nem argumentos, nem justificações para tamanha barbarie.


"A barriga é minha!"
O argumento de que “a barriga é minha e eu faço o que quero com ela” é completamente narcísico e destrutivo. Só porque tenho alguém na minha casa, ou na minha propriedade, não me dá o direito de matá-lo (a não ser que ponha em risco a minha ou a vida de alguém). Isto é absurdo! A base da democracia e dos direitos humanos é que “a nossa liberdade termina onde começa a do outro”.


Liberalização = aumento desmensurado da prática
O argumento de que liberalizando baixa-se a prática (considerando que o fruto proibido é o mais apetecido) e reduzem-se os riscos (como por exemplo, o prejuízo para a grávida por praticar o aborto por pessoas ou circunstâncias indevidas) é um engano por demais básico. Nunca uma prática tem sido reduzida pela liberalização. Os países onde isso acontece são uma prova. A irresponsabilidade aumentará sobremaneira com a liberalização, pois não importa mais pensar nas consequências, pois alguém pagará a conta por nós. O sexo irresponsável aumentará, trazendo com ele mais problemas de desestruturação emocional, da família e incremento das doenças sexualmente transmissíveis. Os riscos aumentarão e os danos também. Será que alguém ainda tem coragem de dar licença para matar?!